IBP - OMEPRAZOL

IBP: medicamentos seguros ou não?

O omeprazol, pantoprazol, rabeprazol e outros, são medicamentos conhecidos como inibidores de bomba de prótons (IBP). Eles constituem a principal opção na terapia medicamentosa para as doenças úlcero-pépticas. Por isso estes medicamentos são vastamente utilizados devido a alta prevalência destas doenças entre a população.

A grande preocupação é que estes medicamentos tem sido utilizados de forma indiscriminada. O risco de efeitos adversos é baixo, no entanto, algumas preocupações sobre a segurança na terapia prolongada com IBP tem recebido destaque.

 

Osteoporose

Os IBP têm sido implicados no desenvolvimento de osteoporose ou fraturas. O que se especula é que há um prejuízo na absorção de cálcio e defeitos na atividade osteoclástica (célula que remodela o osso). Isso ocorre pois a maior parte do cálcio dietético se encontra na forma de sais insolúveis, e a sua solubilidade depende parcialmente da acidez gástrica.

Os estudos não são conclusivos sobre tais efeitos pois sua metodologia é questionada muitas vezes. Mesmo assim, é prudente evitar seu uso durante períodos prolongados em alguns pacientes com osteoporose.

Hipomagnesemia

Hipomagnesemia grave associada ao uso de IBP é uma condição rara. A prevalência real da hipomagnesemia leve e assintomática é desconhecida. O mecanismo exato através do qual os IBP induzem hipomagnesemia ainda não está elucidado. Na hipomagnesemia relacionada com o uso de IBP, a absorção intestinal de magnésio se encontra prejudicada. Por isso, atualmente se sugere a dosagem do nível de magnésio basal durante o uso do IBP.

Infecção intestinal

A acidez gástrica é um mecanismo de defesa importante contra infecções intestinais. Diversos estudos relataram a associação entre uso de IBP e diarreia aguda infecciosa por Salmonella, Campylobacter jejuni e, em especial, por Clostridium difficile, patógeno responsável por diarreias graves em pacientes hospitalizados em uso de antibióticos.

Os estudos não são conclusivos. Enquanto não surgem dados mais confiáveis, é prudente evitar o uso indiscriminado especialmente nos imunodeprimidos e doentes crônicos no ambiente hospitalar. A suspensão do IBP deve ser considerada nos casos de infecções intestinais graves ou recorrentes.

Pneumonia

O uso de IBP pode aumentar o risco de pneumonia adquirida na comunidade, pois supressão da acidez pode facilitar a proliferação excessiva de bactérias não H. pylori no suco gástrico e duodenal. Tais alterações podem estar associadas a microaspirações e colonização pulmonar. A supressão ácida também parece interferir em algumas funções imunológicas.

 

Deficiência de vitamina B12 e de ferro

A absorção da vitamina B12 depende da acidez gástrica. Neste caso a sua supressão reduz a absorção desta vitamina. A acidez gástrica também facilita a absorção de ferro. A deficiência causada ocorre devido à redução da acidez gástrica que a droga promove.

 

Segurança em gestantes

Refluxo e queimação são sintomas comuns na gestação. Estudos recentes revelarem alguma segurança sobre o uso de IBP durante a gestação. Mas o uso destas drogas deve preferencialmente ser reservado a pacientes gestantes refratárias às demais medidas comportamentais e dietéticas.

IBP e câncer gástrico

A relação entre o uso prolongado de IBPs e o desenvolvimento de câncer no aparelho digestório é controverso. Consensos Brasileiro e Europeu recomendam a erradicação do H.pylori em pacientes que irão fazer uso crônico do IBP.

Conclui-se que, até o momento, não há uma evidência convincente e definitiva que esclareça a relação direta do uso do IBP e de surgimento de câncer gástrico.

 

IBP e cirrose

Os IBP são muito utilizados em pacientes com cirrose. Recentemente, têm sido descritas complicações infecciosas, como peritonite bacteriana espontânea (PBE). Isso ocorre provavelmente em razão do aumento da colonização bacteriana tanto no estômago como no intestino delgado pela perda da função protetora do ácido clorídrico sobre o crescimento bacteriano.

Demência

Estudos em animais tem mostrado uma associação do IBP com demência. Foi verificado o aumento de substância amiloide nos cérebros destes animais, o que explicaria tal fato. Ainda são necessários mais estudos acerca disso, sobretudo em humanos.

O que podemos tirar de lição deste achado é sempre rever a indicação do IBP em indivíduos idosos que, muitas vezes, utilizam longamente e de forma não indicada tal medicação.

 

IBP, antiinflamatórios e úlcera

Há uma premissa de que pacientes que utilizam antiinflamatórios por longos períodos tem a indicação de utilizar os IBPs pois previnem o surgimento de gastrites, úlceras e hemorragia.

O que deve ser considerado, no entanto, é se há indicação real deste antiinflamatórios. Deve-se estabeler o período correto de uso deste medicamento.  Pacientes com mais de 65 anos, que fazem uso de corticoides, outros antiinflamatórios e anticoagulantes e com passado de úlcera e hemorragia têm indicação do uso quando três ou mais destes fatores estão presentes.

Conclusão

Apesar de os riscos de complicações com o uso prolongado dos IBP serem baixos, eles existem e podem ser graves. O uso destes medicamentos jamais deve ser indiscriminado e sua indicação cuidadosamente ponderada.

A premissa de que o uso de qualquer medicamente deve ser monitorado por médico é também válida para o IBP. Questionar o porquê do seu uso prolongado é fundamental e evita complicações.

 

 

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