A esofagite eosinofílica é uma doença que, apesar de ainda pouco discutida, tem sido cada vez mais reconhecida. Pode surgir em qualquer idade, sobretudo em crianças e adultos jovens, sendo mais comum em homens.
É caracterizada por uma inflamação na mucosa do esôfago causada por uma célula chamada eosinófilo, por isso a denominação “esofagite eosinofílica”. Ainda tem uma causa incerta, mas a hipótese de alergia alimentar continua sendo a mais aceita.
Quando suspeitar da esofagite eosinofílica?
É uma patologia de difícil diagnóstico pois os seus sintomas se confundem com os da doença do refluxo gastroesofágico. A principal forma se suspeitar é quando o paciente passa a se queixar de forma recorrente de uma sensação de impactação alimentar no esôfago. Como se ele estivesse obstruído ou mais popularmente “entalado”.
É muito comum sua a associação com asma, dermatites, rinites e eczema, pois todas estas são doenças alérgicas.
Diagnóstico
Um fato comumente observado na esofagite eosinofílica, e que também leva a suspeição desta doença, é a falta de resposta quando se adota medidas antirrefluxo. Pacientes que seguem as orientações dietéticas e fazem uso da medicação supressora da acidez gástrica e não obtém resposta clínica, são fortes candidatos a portar a esofagite eosinofílica.
Na esofagite eosinofílica é obrigatória a realização de uma endoscopia digestiva alta com biopsia de esôfago. Nesta biopsia são encontrados os eosinófilos, além de alterações inflamatórias ocasionadas pelos mesmos.
Testes de alergias alimentares são recomendados quando para se definirem possíveis gatilhos alimentares. Alternativas incluem os testes epidérmicos, o exame radioalergoadsorvente (RAST) ou a eliminação dietética.
Eliminação Dietética na Esofagite Eosinofílica
Alguns alimentos suspeitos ou chamados de “gatilhos” devem ser eliminados em grupos ou isoladamente como parte do tratamento da esofagite eosinofílica. Os mais comumente envolvidos na esofagite eosinofílica são as castanhas, o amendoim, leite, ovos, soja, trigo ou crustáceos.
Via de regra, há quatro tipos de dietas restritivas em casos de alergias alimentares.
- Dieta 1: sem carne vermelha, suína, aves, leite, centeio ou milho
- Dieta 2: sem carne vermelha, cordeiro, leite ou arroz
- Dieta 3: Sem carne de cordeira, aves, centeio, arroz, cereais, milho ou leite
- Dieta 4: Uso de fórmulas elementares a base de aminoácidos, indicadas para casos mais graves.
Tratamento
Mudanças dietéticas são fundamentais e devem ser indicadas em todos os casos de pacientes com esofagite eosinofílica. Sabe-se que o refluxo gastroesofágico pode desencadear os sintomas, por tal motivo deve-se orientar uma dieta antirrefluxo e medicação supressora de acidez gástrica.
O uso de corticoide tópico é indicado em casos de pacientes sintomáticos, principalmente com impactação alimentar. O tempo de administração da medicação é longo e deve ser determinado conforme a resposta clínica.
Pacientes que têm estenose (estreitamento) esofágica podem precisar de dilatação utilizando balão esofágico. Nestes pacientes a manifestação mais comum é a disfagia baixa, ou seja, sensação de que o alimento pára no esôfago.
A questão principal na esofagite eosinofílica é o seu diagnóstico precoce. O tratamento o quanto antes instituído previne complicações e diminui a morbidade desta patologia. Este artigo não tem a função de substituir a presença de um profissional. Nunca é demais lembrar que, em caso de suspeita de esofagite eosinofílica, deve-se procurar de imediato o acompanhamento de um gastroenterologista.